Já imaginou se você pudesse controlar sua mente para comer somente o que você precisa para fazer seu corpo funcionar bem? Segundo a especialista em aconselhamento de pacientes com compulsão alimentar e fundadora do programa “Minha mente no controle da comida”, Rachel Handley, isso é possível.
Um cálculo bem específico pode auxiliar a realizar essa meta. Trata-se da proporção 80/20: 80% do tempo comer o que o seu corpo precisa para ter saúde, e 20% do tempo comer o que você deseja. Rachel Handley esteve no Brasil em fevereiro para participar da Semana Especial de Compulsão Alimentar no Centro de Medicina de Estilo de Vida Rituaali, em Penedo.
Saiba mais sobre compulsão alimentar e como lidar com o problema:
É uma síndrome caracterizada por uma grande ingestão de alimento, com perda de controle sobre o que ou o quanto se come. São episódios que ocorrem pelo menos duas vezes por semana em um período de seis meses, sem comportamento de compensação para evitar ganho de peso. Podemos afirmar que o que caracteriza a compulsão alimentar não é a gula, mas a relação do sujeito com o que come e com suas emoções. Ocorre normalmente com alimentos calóricos – dificilmente encontramos quem tenha compulsão por ingerir cenouras ou rabanetes.
Sim. Na maioria dos casos a compulsão alimentar é desencadeada pela chamada “fome emocional”, que ocorre quando a pessoa come não para alimentar o estômago, mas sim as emoções, criando um estado de bem estar temporário no organismo.
A fome física geralmente acontece três vezes por dia, pois nossa digestão leva de quatro a cincos para se completar. Então se você comeu o seu almoço até se saciar e depois de duas horas está com fome de novo, certamente não é a fome física que você está sentindo. Temos que aprender a alimentar nossas emoções apropriadamente, sem o uso da comida. Quando comemos para lidar com nossas emoções, estamos ignorando o problema, mascarando-o temporariamente.
Podem ser questões de auto-imagem, auto-estima e questões emocionais/afetivas. Também podem ocorrer tentativas frustradas de controlar o peso. E com a insatisfação a pessoa passa a comer indiscriminadamente, como forma de resolver estes problemas emocionais.
Pessoas com essa síndrome podem ter transtorno de humo, ansiedade, sofrimento psicológico, mal estar físico, depressão, asco de si mesmo e vergonha por estar comendo tanto, culpa. É importante ressaltar que o comedor compulsivo preenche o vazio e a angústia que sente com comida, mesmo que não perceba.
Em primeiro lugar, é preciso entender que a compulsão não está associada a jejum ou atividades físicas em excesso para compensar a quantidade de alimentos ingeridos. Também não tem associação com bulimia e anorexia. Também é preciso fazer para si mesmo as perguntas e responder com sinceridade:
O problema do sobrepeso não está na boca nem no estomago, mas sim na mente. Então a ideia é trabalhar com o subconsciente. Em primeiro lugar com a conscientização, pois cremos ser o primeiro passo para se obter sucesso ao fazer qualquer mudança. Depois, usando exercícios de terapia cognitivo-comportamental para lidar com os caminhos neurais, crenças e valores que necessitam ser mudados.
A ideia é ensinar as pessoas a manter o equilíbrio, de forma prática: 80% do tempo comer o que nosso corpo precisa para ter saúde e 20% do tempo comer o que desejamos. Busco ajudar as pessoas a comerem o que é saudável, sem abrir mão do seu prato preferido, e como lidar com as emoções sem usar a comida como apoio. Quando as pessoas entendem a diferença entre a fome emocional e a fome física e se conscientizam de que existe um meio de comer saudável com a permissão de comer o que desejam de vez em quando e em quantidades pequenas, elas conseguem lidar com sua compulsão alimentar.
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