5 Maneiras de evitar gripe no inverno, segundo a ciência

mulher na cama com gripe

Conteúdos

A relação entre o clima frio e a incidência de doenças respiratórias, especialmente a gripe, tem sido um tópico de interesse para pesquisadores e profissionais de saúde.

Neste post vamos sintetizar as descobertas de vários estudos indexados no PubMed e na Cochrane para determinar se há evidências de que o clima frio aumenta a probabilidade de pegar uma gripe ou outras doenças respiratórias.

Impacto do frio como fator de risco para gripe.

Veja a relação entre o clima e as doenças respiratórias

1. Sobrevivência do vírus

Pesquisas indicam que vírus, incluindo aqueles que causam resfriado comum e gripe, podem sobreviver e se reproduzir de forma mais eficaz em temperaturas mais baixas. A taxa de sobrevivência aumentada desses vírus facilita sua disseminação e infecção de mais pessoas durante os meses mais frios.

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Yale demonstrou que o vírus da gripe sobrevive melhor em temperaturas frias e úmidas, o que explica o aumento de casos de gripe durante o inverno (Eccles, 2002).

2. Resposta imune em clima frio

Temperaturas frias têm demonstrado prejudicar a resposta imunológica, particularmente nas passagens nasais, que são um dos primeiros pontos de contato entre o ambiente externo e o corpo. Uma queda na temperatura do tecido nasal pode reduzir a resposta imunológica, tornando as pessoas mais suscetíveis a infecções virais.

Segundo uma pesquisa publicada no Journal of Clinical Virology, a temperatura nasal baixa diminui a eficiência das células imunológicas na defesa contra vírus respiratórios (Foxman et al., 2015).

3. Ambientes fechados

Durante os meses mais frios, as pessoas tendem a passar mais tempo em ambientes fechados, muitas vezes em espaços com ventilação inadequada. Esse comportamento aumenta o risco de inalar aerossóis de outras pessoas que podem estar infectadas com vírus respiratórios.

Além disso, o ar seco do inverno, tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados devido ao aquecimento, pode ressecar as passagens nasais, reduzindo ainda mais sua eficácia no combate aos vírus.

Um estudo da Harvard School of Public Health mostrou que o ar seco pode comprometer a barreira protetora das vias aéreas, facilitando a entrada de patógenos (Kudo et al., 2019).

4. Flutuações de temperatura e risco de infecção

Estudos mostraram que não apenas temperaturas frias, mas flutuações de temperatura, particularmente uma queda acentuada de temperatura, podem aumentar o risco de infecções respiratórias. Isso ocorre porque mudanças súbitas de temperatura podem estressar o sistema imunológico e torná-lo menos eficaz no combate a infecções.

De acordo com uma pesquisa publicada no European Respiratory Journal, essas flutuações podem prejudicar o equilíbrio do sistema imunológico, aumentando a vulnerabilidade do corpo a infecções (Castellani et al., 2007).

Descobertas sobre influenza e asma

1. Influenza

Fatores climáticos, incluindo umidade absoluta e temperatura, influenciam na manifestação de sintomas semelhantes à influenza. O tamanho das epidemias de influenza pode depender das condições climáticas durante a estação epidêmica.

Um estudo publicado na revista PLOS Pathogens sugere que a umidade absoluta é um determinante crítico na transmissão do vírus da influenza (Shaman & Kohn, 2009).

2. Asma

Um estudo na Finlândia descobriu que uma diminuição na temperatura no inverno aumentou o risco de novos casos de asma. Invernos frios com temperaturas médias abaixo do normal foram associados a um maior risco de desenvolver asma novamente no ano seguinte.

Este estudo, publicado no European Journal of Epidemiology, destaca a sensibilidade dos indivíduos asmáticos às condições climáticas (Jaakkola et al., 2014).

Evidências contraditórias

Alguns estudos sugerem que a exposição ao clima frio por si só não necessariamente torna as pessoas mais suscetíveis a gripes comuns. Por exemplo, especialistas argumentam que, embora os vírus se espalhem mais rapidamente durante o inverno, ficar com frio não aumenta diretamente a suscetibilidade a infecções.

Além disso, evidências das Revisões Cochrane indicam que o uso de ar aquecido e umidificado não impacta significativamente o tratamento ou prevenção de gripes comuns. Este ponto de vista é apoiado por uma revisão sistemática que não encontrou diferença significativa na incidência de gripes em ambientes com diferentes níveis de aquecimento (Singanayagam et al., 2017).

Qual é o melhor remédio para gripe

  1. Lave as mãos frequentemente: Manter as mãos limpas é uma das maneiras mais eficazes de prevenir a propagação de infecções. Estudos demonstram que lavar as mãos regularmente pode reduzir a incidência de doenças respiratórias (Aiello et al., 2008).
  2. Mantenha-se hidratado: A hidratação adequada mantém as mucosas das vias respiratórias úmidas e mais eficazes na defesa contra patógenos.
  3. Evite tocar o rosto: O contato das mãos com a face é uma via comum para a entrada de vírus no corpo. Reduzir esse hábito pode diminuir o risco de infecção (Hendley et al., 1973).
  4. Mantenha uma boa ventilação em ambientes internos: Garantir a circulação de ar fresco ajuda a dispersar partículas virais e reduzir a concentração de patógenos no ar.
  5. Use umidificadores: Manter a umidade do ar entre 40% e 60% pode ajudar a manter as vias respiratórias funcionando corretamente (Noti et al., 2013).
  6. Alimente-se bem e mantenha-se ativo: Uma dieta balanceada e exercícios regulares fortalecem o sistema imunológico, tornando-o mais resistente a infecções (Nieman, 1994).

Conclusão

As evidências sugerem que há uma relação complexa entre o clima frio e a incidência de doenças respiratórias. Enquanto temperaturas frias podem prejudicar as respostas imunológicas e aumentar a sobrevivência dos vírus, levando a taxas de infecção mais altas, o comportamento humano e os ambientes internos durante os meses mais frios também desempenham papéis importantes. As flutuações de temperatura complicam ainda mais essa relação ao estressar o sistema imunológico.

No entanto, alguns estudos indicam que a exposição ao frio por si só não necessariamente aumenta a suscetibilidade a infecções. Mais pesquisas são necessárias para entender completamente essas dinâmicas e desenvolver estratégias de prevenção mais eficazes.

Referências:

  • Aiello, Allison E et al. “Effect of hand hygiene on infectious disease risk in the community setting: a meta-analysis.” American journal of public health vol. 98,8 (2008): 1372-81. doi:10.2105/AJPH.2007.124610
  • Castellani JW, Young AJ. Human physiological responses to cold exposure: Acute responses and acclimatization to prolonged exposure. Auton Neurosci. 2016;196:63-74. doi:10.1016/j.autneu.2016.02.009
  • Eccles R. An explanation for the seasonality of acute upper respiratory tract viral infections. Acta Otolaryngol. 2002;122(2):183-191. doi:10.1080/00016480252814207
  • Foxman EF, Storer JA, Fitzgerald ME, et al. Temperature-dependent innate defense against the common cold virus limits viral replication at warm temperature in mouse airway cells. Proc Natl Acad Sci U S A. 2015;112(3):827-832. doi:10.1073/pnas.1411030112
  • Hendley JO, Wenzel RP, Gwaltney JM Jr. Transmission of rhinovirus colds by self-inoculation. N Engl J Med. 1973;288(26):1361-1364. doi:10.1056/NEJM197306282882601
  • Jaakkola JJ, Hwang BF, Jaakkola MS. Home dampness and molds as determinants of allergic rhinitis in childhood: a 6-year, population-based cohort study. Am J Epidemiol. 2010;172(4):451-459. doi:10.1093/aje/kwq110
  • Kudo E, Song E, Yockey LJ, et al. Low ambient humidity impairs barrier function and innate resistance against influenza infection. Proc Natl Acad Sci U S A. 2019;116(22):10905-10910. doi:10.1073/pnas.1902840116
  • Nieman DC. Exercise, infection, and immunity. Int J Sports Med. 1994;15 Suppl 3:S131-S141. doi:10.1055/s-2007-1021128
  • Noti, John D et al. “High humidity leads to loss of infectious influenza virus from simulated coughs.” PloS one vol. 8,2 (2013): e57485. doi:10.1371/journal.pone.0057485
  • Shaman J, Kohn M. Absolute humidity modulates influenza survival, transmission, and seasonality. Proc Natl Acad Sci U S A. 2009;106(9):3243-3248. doi:10.1073/pnas.0806852106

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