Tsimane | O povo com o envelhecimento cerebral mais lento

Idosa indigena tsimane

Conteúdos

Você já ouviu falar do povo Tsimane? Esse grupo indígena, que vive na floresta amazônica da Bolívia, tem chamado a atenção de cientistas do mundo todo por uma razão simples: eles têm uma das menores taxas de doenças crônicas, como doenças cardíacas, diabetes e hipertensão, e uma longevidade que muitos de nós só poderíamos sonhar em alcançar.

Mas o que torna os Tsimane tão especiais? Como eles conseguem envelhecer devagar com saúde e viver uma vida longa e ativa? Vamos explorar o estilo de vida desse povo fascinante e descobrir os segredos que podem nos inspirar a buscar uma vida mais saudável e longeva.

indigena do povo tsimane
fonte: BBC

O simples estilo de vida dos Tsimane

Os Tsimane vivem de maneira muito diferente do estilo de vida moderno do qual estamos acostumados. Eles dependem quase que exclusivamente do que a natureza oferece, praticando agricultura de subsistência, pesca e coleta.

Sua alimentação é composta principalmente de vegetais, frutas, peixes e pouca carne, todos alimentos frescos e naturais, sem os aditivos e conservantes comuns em nossa dieta ocidental. Essa dieta rica em fibras, proteínas magras e ácidos graxos essenciais, como o ômega-3, é um dos fatores que contribuem para a baixa incidência de doenças crônicas do povo Tsimane.

Além disso, o nível de atividade física diária dos Tsimane é impressionante. Eles passam grande parte do dia caminhando, pescando, colhendo ou cultivando seus alimentos, dando cerca de 17.000 passos por dias. Essa rotina ativa não é apenas uma parte de sua cultura, mas também um componente essencial para a manutenção da saúde cardiovascular e metabólica.

Estudos mostram que o coração dos Tsimane envelhece de forma muito mais lenta do que o de pessoas que vivem em grandes centros urbanos, e isso se reflete em taxas muito baixas de aterosclerose e outras doenças cardiovasculares.

O estilo de vida natural dos Tsimane

O que torna a longevidade dos Tsimane ainda mais notável é a qualidade de vida na velhice. Diferente do que observamos em muitas sociedades modernas, onde a velhice é frequentemente associada a doenças crônicas debilitantes, os idosos Tsimane permanecem ativos e envolvidos em suas comunidades. A ausência de doenças crônicas, como diabetes tipo 2 e hipertensão, que são comuns na nossa população urbana ocidental, permite que eles desfrutem de uma vida longa e saudável.

Um estudo publicado no The Lancet em 2017 mostrou que os Tsimane têm a menor prevalência de doença coronariana já registrada em qualquer população estudada. Mais de 80% dos adultos Tsimane apresentavam artérias completamente limpas, sem sinais de calcificação, mesmo em idades avançadas. Isso é um forte indicativo de que o estilo de vida natural e ativo dos Tsimane é fundamental para a proteção contra doenças que costumam acometer a população mundial à medida que envelhece.

Como é a dieta Tsimane?

Como citei anteriormente, a dieta dos Tsimane é um aspecto fundamental de sua saúde e longevidade. Ao contrário das dietas modernas, que são frequentemente ricas em açúcares refinados, gorduras saturadas e alimentos processados, a dieta Tsimane é baseada em alimentos integrais e naturais. Eles consomem uma grande quantidade de frutas, vegetais, raízes como a mandioca, e proteínas provenientes de peixes e caça.

A alta ingestão de fibras ajuda a manter os níveis de colesterol baixos, enquanto o consumo regular de peixes ricos em ômega-3 promove a saúde cardiovascular. Essa combinação de uma dieta saudável e rica em nutrientes, juntamente com a atividade física regular, cria um ambiente interno que é resistente ao desenvolvimento de doenças crônicas.

O efeito de um bom estilo de vida na longevidade

Os pesquisadores acreditam que o estilo de vida dos Tsimane oferece lições valiosas para as sociedades atualmente. Em um mundo onde as doenças crônicas estão crescendo ano a ano e a expectativa de vida saudável está caindo, os Tsimane nos mostram que é possível viver uma vida longa e ativa, livre das doenças que afligem grande parte da população mundial.

Adotar aspectos do estilo de vida Tsimane, como uma dieta natural e rica em nutrientes, juntamente com um nível elevado de atividade física diária, pode ser a chave para uma vida mais saudável e longeva. É claro que há outros fatores relacionados à longevidade, mas esses dois pilares são uma importante base.

Aprendizados para a vida moderna

Embora seja improvável que possamos adotar o estilo de vida Tsimane em sua totalidade, há muitas lições que podemos aprender com eles e aplicar em nossa rotina diária. Reduzir o consumo de alimentos processados e adotar uma dieta baseada em alimentos frescos e naturais é um importante passo.

Além disso, aumentar nossa atividade física diária, seja por meio de caminhadas regulares, jardinagem, passear com o cachorro ou qualquer outra forma de movimento, pode ter um impacto profundo em nossa saúde a longo prazo.

Quais ensinamentos podemos tirar deles?

O povo Tsimane nos oferece um exemplo vivo de como um estilo de vida simples e natural pode resultar em uma vida longa e saudável. Eles nos mostram que a longevidade não é apenas uma questão de viver mais, mas de viver melhor, com vitalidade e sem o peso das doenças crônicas. Incorporar os princípios do estilo de vida Tsimane em nosso dia a dia pode ser uma maneira poderosa de melhorar nossa saúde e aumentar nossa expectativa de vida saudável.

Este post sobre os povos Tsimane e sua longevidade é mais do que uma simples curiosidade antropológica; é um guia para quem busca uma vida mais saudável e ativa, com menos doenças crônicas e mais anos de qualidade. Ao seguir algumas das práticas desse povo, podemos não só viver mais, mas viver melhor.

Referências:

  1. Kaplan H, Thompson RC, Trumble BC, et al. Coronary atherosclerosis in indigenous South American Tsimane: a cross-sectional cohort study. Lancet. 2017;389(10080):1730-1739. doi:10.1016/S0140-6736(17)30752-3
  2. Gurven M, Jaeggi AV, Kaplan H, Cummings D. Physical activity and modernization among Bolivian Amerindians. PLoS One. 2013;8(1):e55679. doi:10.1371/journal.pone.0055679
  3. Trumble BC, Stieglitz J, Blackwell AD, et al. Apolipoprotein E4 is associated with improved cognitive function in Amazonian forager-horticulturalists with a high parasite burden. FASEB J. 2017;31(4):1508-1515. doi:10.1096/fj.201601084R

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